Monday, February 11, 2008

O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, alertou, há uma semana...

Lisboa, Timor-Leste 11/02/2008 23:07 (LUSA)
Temas: Política, Golpe de estado, Conflitos (geral)
* * António Sampaio, da Agência Lusa * *



Lisboa, 11 Fev (Lusa) - O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, alertou, há uma semana, os responsáveis de segurança no país, incluindo as forças internacionais, de que o presidente e primeiro-ministro poderiam ser alvos de um ataque.

"Disse há uma semana na reunião do grupo de alto nível de segurança que havia dois alvos fundamentais: os líderes, o presidente e primeiro-ministro, e zonas vitais do país", afirmou Taur Matan Ruak em declarações à agência Lusa.

Nas primeiras declarações públicas desde o ataque de domingo à noite (madrugada de segunda-feira em Díli), Taur Matan Ruak afirmou que tinha informações que chegaram às forças de Defesa de Timor-Leste, incluindo fornecidas por populares, que apontavam para uma eventual acção do grupo de Reinado.

"Ele tinha cerca de 30 homens armados", explicou, referindo-se ao número de elementos que se pensa integrarem o grupo de apoio a Reinado, morto durante o ataque à residência de José Ramos- Horta em que o presidente timorense foi baleado.

Para Taur Matan Ruak, os ataques de segunda-feira suscitam "questões pertinentes" imediatas, nomeadamente o facto dos homens de Alfredo Reinado - ao que indica divididos em três grupos - tenham conseguido passar as posições móveis e fixas e chegar a Díli.

"Como é que o Alfredo ultrapassa tudo e consegue chegar com duas viaturas a casa do presidente?", questionou. "Como é que conseguem fazer uma emboscada ao primeiro-ministro e depois chegar à sua casa?".

"Isto é estranho e são questões que obrigam a perguntar exactamente o que estão aqui a fazer as forças de segurança internacionais, a perguntar qual é o papel da comunidade internacional na manutenção da segurança", frisou.

O comandante timorense explicou que a segurança na residência de José Ramos-Horta era mantida por uma "posição fixa" das F-FDTL que "não tem capacidade de actuar se as restantes posições móveis, ou mais afastadas não fizerem nada".

"O ataque foi surpresa. Chegaram de forma surpresa", afirmou.

Em caso de saídas, José Ramos-Horta é normalmente acompanhado por agentes policiais internacionais e timorenses que, quase sempre, regressam ao quartel durante a noite, não estando qualquer agente com o presidente timorense no momento do seu "jogging" matinal.

Questionado sobre as circunstâncias do ataque à casa de José Ramos-Horta, Taur Matan Ruak disse que foi contactado telefonicamente pelo presidente timorense momentos antes deste ser baleado, "entre as 06:35 e 06:45 (de segunda-feira, hora local)".

"Estava a fazer o exercício matinal e ligou-me a dizer que havia tiroteio na sua casa. Na altura disse-me que estava na zona da Praia da Areia Branca (a Leste da sua residência, junto à costa)", afirmou.

"Tentei contactar com outras pessoas mas não consegui e dirigi-me para o quartel da força internacional para pedir ajuda. O comandante estava a lavar os dentes e não sabia de nada", disse.

Taur Matan Ruak disse que exactamente às 07:00 - como ficou registado no seu telemóvel - voltou a ligar para o telemóvel de José Ramos-Horta que já foi atendido por um efectivo das FDTL, que o acompanhou no "jogging" matinal.

"O rapaz atendeu e disse-me 'o nosso presidente foi baleado'. Pediu para que fosse rapidamente evacuado", recordou Taur Matan Ruak.

O responsável militar disse que o pedido de ajuda médica foi feita pelos familiares de José Ramos-Horta, explicando que duas patrulhas das forças de defesa internacionais foram enviadas para o local posteriormente.

Questionado sobre a situação no terreno, Taur Matan Ruak disse que apesar dos ataques "não houve resposta alguma" contra os homens responsáveis pelos atentados, que se limitaram "a fugir a pé".

"Além dos dois corpos que estão na morgue (de homens do Reinado) mais ninguém foi capturado", disse.

"Depois do ataque, a resposta foi quase nula. Não sei o que aconteceu. Os restantes elementos do grupo fugiram a pé. Não houve reacção", disse.

O facto de Reinado contar com pelo menos 30 homens armados leva Taur Matan Ruak a considerar que "não se pode garantir que não haja ataques adicionais".

"Eles fizeram o ataque em três etapas. A casa do presidente, a casa do primeiro-ministro e uma emboscada na estrada entre Dare e Balibar (arredores de Díli)", afirmou.

"É possível que os seus apoiantes possam reagir", disse, frisando no entanto que a situação em Díli permanece para já "calma".



ASP.

Lusa/Fim

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