* * António Sampaio, da Agência Lusa * *
Lisboa, 12 Fev (Lusa) - A Fretilin vai exigir hoje no parlamento uma investigação à actuação das forças internacionais em Timor-Leste e "exigir responsabilidades ao governo", disse hoje à agência Lusa o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.
O ex-primeiro-ministro ecoou preocupações do comandante das forças armadas timorenses, Taur Matan Ruak, que também exigiu essa investigação criticando, em declarações á Lusa, a actuação das forças internacionais no terreno.
«Hoje é dia do plenário e o tema tem que ser discutido. a Fretilin vai intervir de forma clara e dura mas com sentido de estado», disse.
Depois de, segunda-feira, "ser um momento de todos ficarem unidos", Mari Alkatiri diz que chegou a altura de perceber o que se passou, sendo por isso essencial avançar com uma investigação rapidamente.
"Temos que perceber o que falhou e porquê. Tudo tem que ser investigado. Houve tiroteio, o Alfredo Reinado foi morto no primeiro tiroteio quando o Horta estava fora mas depois é abatido e é ele próprio que avisa ao telefone que foi ferido e depois o socorro chega tarde", afirmou.
Mari Alkatiri insistiu porém que o próprio José Ramos-Horta agiu mal na forma como lidou com Reinado, continuando a apostar no diálogo e "ingerindo-se" em decisões judiciais que incluiam mandados de captura ao militar timorense.
O secretário-geral da Fretilin diz que essa é outra das questões "muito intrigantes" deste caso", já que Reinado ataca "a única pessoa que o estava a tentar salvar".
"Aquilo que sei é que o governo já não estava a apostar no diálogo. Quem continuava a apostar no diálogo era o presidente Ramos-Horta. Esta é a parte intrigante de toda a história: como o Alfredo ataca a única pessoa que acha que a única solução era o diálogo e não a justiça", afirmou.
Questionado sobre as motivações do ataque, Alkatiri insistiu que Alfredo Reinado foi um instrumento militar de "intenções políticas" que diz serem "internas" a Timor-Leste e "externas".
Instado a elaborar, comparou a situação actual com a de 2006, referindo que depois de Reinado ter sido "usado", em Maio, para atacar as F-FDTL em Dare, depois do ataque ao quartel em Tacitolo e à residência de Taur Matan Ruak e ao confronto entre policiais, "o resultado foi pedir a intervenção das forças internacionais".
"Desta vez com presença de forças internacionais aqui, o próprio Presidente é atingido, o primeiro-ministro sai ileso também de um ataque misterioso e imediatamente o governo e o presidente interino assinam uma carta já redigida em inglês a pedir mais forças australianas", afirmou.
Instado a comentar a situação actual e o que pode acontecer com os apoiantes de Alfredo Reinado, Mari Alkatiri considerou que o militar "morreu duplamente com este ataque".
"Não é mártir nem herói porque morreu quando tentou atacar a pessoa que estava a procurar caminhos para o salvar. Penso que, por isso, também perdeu muita da sua base social de apoio, nomeadamente os jovens", afirmou.
Apesar disso manfiesta-se preocupado sobre um eventual ataque dos restantes elementos armados do grupo, em especial porque agora também eles são criminosos.
"Até aqui o Reinado era o único procurado pela justiça mas agora os outros elementos do grupo também cometeram crimes e terão agora que responder perante a justiça", afirmou.
"Não afasto hipótese de um novo ataque. Antes pelo contrario", disse.
Alkatiri manifesta-se igualmente surpreendido pelo facto de não ter havido de imediato uma operação de caça ao homem no intuito de procurar os responsáveis pelo ataque, explicando que "as FDTL quiseram actuar mas foram travados pelas forças internacionais".
Ao mesmo tempo criticou a forma com as medidas de segurança estão a ser implementadas em Díli, dando como exemplo o facto de agentes policiais nas ruas estarem a parar táxis e a obrigá-los a retirar os filtros negros de vidro que limitam a visão para o interior.
"Estes filtros custam 400 ou 500 euros e a polícia chega ali e simplesmente rasga-os. São precisas medidas de segurança mas, da forma como estão a ser implementadas, só vão criar mais problemas", afirmou.
ASP.
Lusa/Fim
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