Expresso, 19/02/08 -
Eurodeputados portugueses das diferentes forças políticas sublinharam hoje em Estrasburgo a necessidade de a comunidade internacional e a União Europeia continuarem a apoiar a consolidação do Estado de Timor-Leste mas sem ingerências nem aproveitamento da actual fragilidade.
Em vésperas de o Parlamento Europeu adoptar (quinta-feira) em Estrasburgo uma resolução sobre a situação em Timor-Leste, os deputados portugueses defendem que todos se devem empenhar no reforço das instituições democráticas do território, no respeito pelos órgãos eleitos e da soberania do país, um "Estado com fragilidades".
O deputado José Ribeiro e Castro (CDS-PP), autor do projecto de resolução do Partido Popular Europeu, apontou a necessidade de "consolidar o Estado de Direito e as estruturas indispensáveis à manutenção da lei e da ordem", considerando que tal só é possível com "um consenso nacional alargado entre as principais forças políticas nos aspectos essenciais do funcionamento do Estado".
Salientando que "Timor é um Estado muito frágil", o deputado democrata-cristão disse esperar "que ninguém procure tirar proveito" da actual situação e, referindo-se ao apoio dos países vizinhos, comentou que é importante mas "trata-se de ajudar, e não de interferir e perturbar".
Por seu turno, o coordenador da delegação do PSD, Carlos Coelho, considera "fundamental que a ONU continue a apoiar Timor-Leste", afirmando que em nada ajuda o país uma "precipitação de críticas à missão das Nações Unidas", e também "essencial um grande consenso em Timor-Leste relativamente aos aspectos de segurança", prevenindo quaisquer excessos.
"É de justiça salientar que Timor, que é um Estado com fragilidades, uma democracia jovem, soube reagir com serenidade aos acontecimentos, e isso é um ponto a favor das instituições políticas e democráticas timorenses", disse.
A líder da delegação socialista, Edite Estrela, também realçou a importância de prosseguir o apoio às autoridades de Timor-Leste e ao povo timorense, destacando a propósito dos recentes acontecimentos "o importante papel que foi desempenhado pela GNR".
"Acreditamos que os timorenses vão alcançar a paz e a estabilidade, e nós certamente que estamos a apoiar e estamos dispostos a ajudar naquilo que for necessário para que a normalidade volte", declarou.
Já Ilda Figueiredo, do PCP, destacou a necessidade de "reforçar o apoio à população timorense em áreas fundamentais, como serviços públicos, água, saúde, educação, agricultura", de modo a ajudar "o desenvolvimento deste jovem país no respeito pela sua soberania e órgãos eleitos".
"Insistimos na necessidade de se respeitar a soberania do povo de Timor-Leste e consideramos que não de deve aumentar a ingerência em Timor-Leste, e sim fazer tudo para apoiar", afirmou.
A 11 de Fevereiro, o presidente timorense, José Ramos-Horta, foi gravemente ferido durante um ataque à sua residência, em que morreu o major fugitivo Alfredo Reinado, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, escapou ileso a uma emboscada quando se dirigia para Díli.
Na sequência dos ataques, a Austrália, a pedido de Díli, reforçou o seu contingente militar e policial em Timor-Leste e as autoridades timorenses decretaram o estado de sítio, com recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00.
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